domingo, 28 de junho de 2015

Quem ama escreve assim

Deixa-me ficar aqui só a ouvir-te respirar. Deixa-me ser fada e vidente e adivinhar nos teus olhos de mal alguma tristeza que eu possa curar. Deixa-me encostar a face ao teu peito e ficar a contar as batidas do teu coração, a pensar que estou dentro dele e que me queres como eu te quero. Deixa-me ficar só aqui concentrada nos teus olhos que quero sempre a rodear-me, a cuidar de mim, a fitar os mesmos sonhos e as mesmas realidades. Deixa-me ficar aqui, ao pé de ti ... Deixa-me beijar de mansinho o teu pescoço exageradamente perfumado e pensar que nem todo há tempo para amar quando todo o tempo do mundo parece tão curto. Deixa-me parar os nossos relógios, deixar o mundo de parte e sentir que nada mais importa quando estamos juntos. Deixa-me nascer dentro de ti, ensina-me a gritar pelo teu nome todos os dias, ensina-me a pedir-te o que me dás sem eu pedir, ensina-me a dar-te mais do que o máximo do que já te dou. Abre o coração, não para que eu entre nele, mas para convidá-lo a caminhar sempre do lado do meu, abre-o para que possas sentir-me quando eu estiver a milhas de distância, quando a alma chorar de saudades. Deixa-me inventar pós mágicos para que estejas onde não estás. Deixa-me apanhar a boleia daquele pato bravo e aterrar numa terra onde caminhes sempre do meu lado, como manda a lei da física, onde tu me vejas sempre que quiseres e eu te possa sentir o tempo todo. Deixa-me amar-te sem limites e afastar esta sensação de que as horas podem controlar o tempo necessário para se amar e ser amado. Deixa-me ficar para sempre contigo.