sábado, 4 de outubro de 2014

Disponível para a vida

Photo by Salt & Steel

A vida percorria novamente o mesmo caminho que tinha feito nos últimos meses. Já conhecia bem aquela estrada mas, o motivo que a levava até ali, teimava em não se relevar. A vida não se queixava, estava sempre disposta a dar segundas oportunidades e, por isso, repetia o meu mesmo caminho com uma leve esperança renovada que, desta vez, a porta já estivesse aberta. Ou entreaberta pois qualquer brecha serve para a vida. Chegou ao seu destino. Olhou para a porta e reconheceu mais uma fechadura acrescentada. As flores que enfeitavam o vaso verde esmeralda na varanda começavam a descair. As janelas continuavam encerradas a qualquer entrada de luz. O silêncio era tão profundo como aquele que se lembrava de ter sentido da última vez. De novo, aquela pessoa não estava disponível para a vida. Encerrou-se num casulo de portas e janelas trancadas, deixou de regar as flores na varanda. A vida, teimosa como ela só, repetia o mesmo caminho incansavelmente, batia à porta, tentava mostrar a janela da oportunidade. Mas quem se fecha para vida não reconhece segundas oportunidades, nem a esperança, nem um amanhã melhor. Aquela pessoa não estava disponível para a vida. 

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