quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Ensinamentos

Tantas vezes, ao longo deste ano, o que eu antecipava penoso, passou fácil. E o que já estava enraizado, as coisas previsíveis, tornaram-se difíceis. Sobreviver a este ano carimbou-me na pele a certeza de que sou capaz, mais forte, mais teimosa. Mesmo quando as rotas traçadas gostam de se reinventar ou os verbos escapam da combinação perfeita, resto eu, estou cá eu. De pé. Com mais um arranhão no joelho, meia dúzia de sonhos a desconcertar e esta calma, esta certeza de que tudo chega ao seu lugar. De que há um destino que nunca me falha, que me ensina a manter de pé: umas vezes atrapalhando os passos, outras vezes dando-me asas.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Christmas



Desejos de Natal.

Gostava mesmo de saber sempre o que dizer. De ter sempre razão. De saber sempre escolher o melhor caminho, de nunca ficar triste, de ter sempre amigos por perto. E chocolate também. Queria mesmo gostar dos outros nas suas imperfeições, fazer tudo certo, nunca pintar fora do risco, nunca dizer palavrões. Trocar as dúvidas pelas certezas, nunca tomar decisões de cabeça quente nem subestimar a importância do tempo. Queria ser sempre optimista, já acordar bem disposta e dormir sem prestar contas aos pesadelos. Gostava de ter uma saúde de ferro, uma memória de elefante e nunca desiludir ninguém. Gostava de ter menos do que tenho a mais e mais do que tenho a menos. E de dar abraços que ultrapassassem oceanos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Crescer


Não me importava de ser um cogumelo. Os cogumelos podem crescer em qualquer sítio.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Fernando Pessoa

“Não se acostume com o que não o faz feliz. Revolte-se quando julgar necessário. Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas. Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue. Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca. Se o achar, segure-o.” Fernando Pessoa

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Dos que partem


Photo by the fantastic Bruno Ázera

Coragem, às vezes, é desapego. E alcançar sonhos é um movimento tão corajoso! No fundo, são só escolhas ... Quando se dá um passo em frente, inevitavelmente alguma coisa vai ficar para trás. Não quer dizer que fique esquecida. E não foi no fundo essa coragem que nos uniu em primeiro lugar?

terça-feira, 25 de novembro de 2014

My land


Photo by the fantastic Bruno Ázera

Ás vezes é difícil acreditar que esta terra existe, que foi feita por Deus, que nos foi oferecida sem contrapartidas. Tira-me a respiração. Que sorte a minha de ter nascido aqui.

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Sometimes it is hard to believe that this land is real, made by God, one offer to us without counterpart. It takes my breath away. I feel so lucky to have been born here.

sábado, 15 de novembro de 2014

Where Time Slows Down II







Em sítios assim quase que se consegue ouvir o silêncio. E o tempo a passar.

*Este pequeno hotel ecológico fica no Brasil e possui 9 pequenas casas de construção tradicional, jardins decorados com peças de artistas locais, spa e restaurante com ingredientes biológicos*

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Do escuro dos dias


Photo by Salt & Steel

Se eu me deixo ficar no escuro não vejo os passos que tenho de dar. E vou assustar-me com os sons e as sombras. Vou estar insegura, agarrar-me às paredes na tentativa de encontrar a direcção certa. Se eu me deixo invadir pela tristeza, nem o momento mais alegre do meu dia será capaz de iluminar-me os passos. Se eu continuar a levar dentro de mim este peso amaldiçoado que é saber que se está no lugar errado, não vou conseguir reter a energia que preciso para daqui voar. Vou, de certo, enganar-me no caminho, vou rodopiar como uma borboleta desorientada. Tenho de procurar a luz.

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If I let myself stay in the dark I cannot see the steps that I have to take. And I will freak with the sounds and shadows. I will be unsafe, grab the walls in an attempt to find the right direction. If I let myself be invaded by sadness, not even the happiest moment of my day will enlight my steps. If I continue to carry within me this damned weight of knowing that I am in the wrong place, I will not be able to hold the energy that I need to fly away. I will get the rong road, I'll spin like a disorientated butterfly. I need to find my light.

sábado, 8 de novembro de 2014

Da cidade para o campo



As cidades são feitas de pessoas. No perímetro reduzido das cidades, os pontos cardeais de cada um por vezes atropelam-se e empurram-se. Há tanto a girar à tua volta que perdes o centro do que é só teu. Estás sempre em caminho proibido, nada te pertence de verdade. O teu Sul encontra o Norte de outra pessoa mesmo quando pensas que vais só. O que tu fazes e sonhas nunca te pertence só a ti. É sempre uma junção das pessoas que não conheces, e das linhas conjuntas da cidade. Nunca me sinto só numa cidade.
O campo é feito só de ti.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Pessoas Raio de Luz







Pessoas Raio de Luz [definição]: pessoas de alma transparente que nos inspiram a sermos melhores; pessoas que irradiam uma luz própria singular; pessoas que nos fazem sorrir; pessoas que nos entraram no coração, mesmo não as conhecendo de verdade; pessoas a quem desejamos o bem; pessoas que partilham magia; pessoas que sonham.

Nesta minha definição de "pessoas raio de luz" cabe o nome da Ana. Não a conheço, nunca lhe falei, só sei dela aquilo que ela partilha com o resto do mundo. Anonimamente, visito-a todos os dias. Ela, e as suas fotografias (como as que partilhei acima), fazem-me acreditar e isso não tem preço. 

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Sunshine People [definition]: people with a transparent soul that inspire us to be better; people who radiate a unique light; people who make us smile; people that are a part of our heart, even if we did not known them; people that we wish well; people who share magic; people who dream. 

Ana is one of these "Sunshine people". I do not know her, never talked to her, just know what she share with the rest of the world. Anonymously, I visit her everyday. She, and her photographs (as the ones that I shared above), make me believe and that is priceless.


domingo, 26 de outubro de 2014

190 milhões de euros

O que muda na vida de alguém que, de repente, ficou 190 milhões de euros mais rico? De pobre para milionário num só dia. O dinheiro traz-nos a chave de uma porta que dificilmente pensávamos abrir. Dá-nos o lado de lá, de uma realidade longínqua com a qual nunca aprendemos antes a conviver. Dá-nos acesso. Portas abertas (por conveniência). Sorrisos largos (e falsos). Pessoas (não as certas, essas chegam sempre à nossa vida por mero acaso).
Mas a parte mais genuína e verdadeiramente tentadora de ser-se rico, é ter-se liberdade. Ter a liberdade de recusar o que nos fazia infelizes. Ter a liberdade de escolher e de poder fazer apenas aquilo que de facto nos motiva. É poder esquecer, por momentos, todo o perímetro de reduções que o ser pobre implica. É não deprimir ao Domingo à noite porque amanhã é dia de voltar aquele trabalho. É não precisar de uma rotina, é poder ser desorganizado, não juntar cupões para os descontos de supermercado, não ficar em casa para poupar gasolina, não trazer marmita para o escritório. Escolher o que fazer com o dinheiro em vez que ser o dinheiro a destinar o que é possível fazer com ele. É poder sair pelo mundo, sem destino nem raízes. Ah, isso era mesmo muito bom!

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Falhar



Que de todas as vezes que alguém diga que não és capaz de algo, mostres as medalhas do caminho, as marcas de guerra, a diferença entre o que eras e o que és. Que de cada vez que alguém te diga que vais falhar, mostres que isso é pouco em comparação com o que te move cá dentro. Se alguém duvidar de ti, faz com que tema o teu poder de superação e resistência. Faz com que nunca mais subestime o teu foco, o teu trabalho, a tua garra. Mostra que apenas tens medo do "não tentar" e nunca do "falhar".

domingo, 19 de outubro de 2014

Amor-próprio

Photo by Mouldy

A proporção com que gostamos de nós, é inversa aquela com que nos deixamos afectar pelos demais. Deixamos que os outros nos espezinhem na mesma medida em que nos auto-julgamos, tão injustamente. Só temos a certeza de um coração partido quando já não restam senão migalhas do que costumávamos ser. Não é fácil gostar de nós e muito menos reconhecer que os outros, seguindo as nossas pisadas, vão caminhando e estalando o nosso amor-próprio. Não é fácil abrir o coração e muito menos fazer dele uma zona de passagem onde os outros chegam e partem com a mesma velocidade de quem se atrasa para o comboio. Esta coisa tão complexa, do eu, do nós, dos outros ... Esta coisa dolorosa que é apaixonar-mo-nos pelas pessoas e vê-las partir. Esta coisa tão disparatada que é gostarmos tão pouco de nós mesmos e perdoarmos continuamente o que não tem perdão. Deixar de gostar de nós é como deixar um barco largado na areia.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Pôr o mundo a girar ao contrário


Photo by Moey Hoque

A caminho de casa parei algum tempo num banco de jardim. Todos os dias passo por aqui, raramente paro para ficar, ou fico para pensar. Os bancos exigem o nosso tempo, os nossos pensamentos. E o dia, de tão esgotante e surpreendente, exigia também que desse um descanso ao corpo. Sei que me vou lembrar deste dia para sempre. Só não sei ainda se o vou recordar como o dia em que "consegui" ou como o dia em que "quase cheguei lá". Isso depende da próxima volta que ainda falta o mundo dar. Mas se eu conseguisse pôr o mundo a girar ao contrário, se eu conseguisse que ele me desse atenção, ele ia saber que nada, nem outro momento qualquer, poderá superar o quanto eu acredito. O quanto eu quero. O quanto isto é mesmo importante. Tem de ser. Se há algum presente reservado pela vida para mim, que seja este. Se existe sorte, que seja esta. Se existirem sonhos realizados, que seja este. Se o destino escreve certo, que seja agora. Se for para os astros se alinharam, que seja já. Tem mesmo de ser. 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Alma cheia






A luz difusa que se espalha pelas folhas das árvores, o aroma a pinheiro, as pinhas que decoram o chão. O momento em que me encontro. Em que percebo que na essência da alma, isto é o que sou. Se pudesse espreitar para dentro da minha alma seria esta a imagem que veria.

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**The diffused light that spreads through the leaves of trees, the scent of pine, the pines cones that decorate the floor. The moment in which I found me. In which I realize that, in the essence of the soul, this is what I am. If you could peek inside my soul, I would see nature.**

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Conversas com Deus

Photo by Welcome Beyond

Adoro este pequeno excerto do livro "Conversas com Deus"(Neale Walsh):

"O medo é a energia que contrai, fecha, isola, foge, esconde, amealha, faz mal. O amor é a energia que expande, abre, liberta, fica, revela, partilha, cura. O medo envolve os nossos corpos com roupagens, o amor permite-nos andar desnudos. O medo pega-se e agarra-se a tudo o que temos, o amor despoja-se de tudo isso. O medo cerca-nos, o amor enlaça-nos. O medo prende, o amor liberta. O medo infecta, o amor alivia. O medo agride, o amor apazigua. Qualquer pensamento assenta numa destas emoções. Nada podes fazer quanto a isso pois não tens outras hipóteses de escolha. Mas o teu livre arbítrio permite-te escolher entre as duas." 

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**"Fear is the energy which contracts, closes down, draws in, runs, hides, hoards, harms. Love is the energy which expands, opens up, sends out, stays, reveals, shares, heals. Fear wrap our bodies in clothing, love allows us to stand naked. Fear clings to and clutches all that we have, love gives all that we have away. Fear holds close, love holds dear. Fear grasps, love lets go. Fear rankles, love soothes. Fear attacks, love amends. Every human thought, word, or deed is based in one emotion or the other. You have no choice about this, because there is nothing else from which to choose. But you have free choice about which of these to select."**

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A história que quero contar


Photo by Welcome Beyond

Se tivesse de resumir a minha história, acho que estas linhas chegariam:

Nasci com raízes de ilha, alma de vento e asas de milhafre. Nasci amarrada ao verbo ir: já vivi em pequenas e grandes cidades e corri uma boa porção do mundo. Mas quando se nasce ilhéu é ao mar que queremos sempre regressar. Dei repouso às asas e deixei o vento trazer-me de regresso. Quis voltar para o centro do Atlântico, o segredo mais desconhecido, que os mapas tão injustamente esquecem. Para voltar a sentir o silêncio de uma Natureza viva. Regressei a casa para fazer dos Açores a vossa casa também.

sábado, 11 de outubro de 2014

Creativity Challenge: Day 1 to 10!




1. [red] red horse.
2. [smile] handmade caramels always make me smile.
3. [books] from my bookshelf.
4. [pink] a pink macarron.
5. [flowers] sugar flowers.
6. [landscape] polaroids.
7. [street] tipical portuguese street.
8. [mood] always in a mood for travel.
9. [sky] when the sun rises.
10. [night] midnight in Paris.

Creativity Challenge proposed by The Paper and Ink

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O meu sonho é ...


Photo via Welcome Beyond



Quando alguém me fala dos seus sonhos, algo muda em mim. Reoriento toda a minha atenção para as suas palavras e, por sentir que estou a entrar num espaço proibido, conto as baladas do meu coração em plano de fundo. Só para ter a certeza que ele não me falha, tamanha é a gratidão que me envolve. É uma honra ouvir alguém falar dos seus sonhos. E dos seus planos para lá chegar, das quedas que antecipa e da esperança. Todos os sonhos acabam por ser iguais: são o nosso caminho mais puro, profundo e saudável para aquele momento que se diz felicidade. E o caminho para esses sonhos acaba também por parecer tão pré-definido. Há sempre percalços, há sempre dúvidas, há sempre o senão e o talvez e o não sei mesmo se chego lá. Mas há também sempre uma meta e um momento e o caminho de guerra para se lá chegar. Não será o caminho também uma parte do sonho?

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**When someone tells me about their dreams, something changes. I reorient my all attention to his words and, for feelling that I'm entering a forbidden place, I count the ballads of my heart in the background. Just to make sure he does not fail, such is the gratitude that involves me. It's an honor to hear someone talk about their dreams. And their plans to get there, the antecipated falls and the hope. All dreams end up being alike: they are our most pure, deep and healthy for road for that moment that says happiness. Also, the way to get to these dreams look so pre-defined. There are always mishaps, there are always doubts, there are always a "but" and a "maybe" and "do not even know if I will get there". But there is also always a goal and a fight and the path to get there. That road is not a part of our dreams too?**

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O que vem a seguir


Photo: Unknown Author

A parte negativa de descobrirmos o que gostaríamos de fazer para o resto dos nossos dias é que, a partir desse momento, tudo o que esteja fora desse desejo é um aborrecimento. É uma escolha lógica do coração: não faz sentido contentar-se com algo menos do que a felicidade. Passas a carregar nos ombros o peso de agora saberes o caminho que queres seguir. O coração passa a falar contigo, dá-te ordens e guia-te. A mente programa os planos de acção, faz as contas aos desafios e às oportunidades. As pernas movem-se para o teu destino. E a tua pele passa a absorver cada sinal de esperança. Não há um milímetro dentro de ti que não esteja alinhado nessa canção de felicidade. Queres tudo, para já, para ontem. Queres fazer aquilo que sabes que te movimenta o corpo e alma com a potência de um foguetão. Queres aquilo que sabes que te acorda para vida. Tudo o resto, que esteja desafinado dessa melodia, é um arrastar de pés, é um sufoco do coração. 

terça-feira, 7 de outubro de 2014

100% Nature






Um pedaço de natureza dentro de um vaso. Queria ter um destes em cada divisão. Uma excelente ideia de uma encantadora empresa portuguesa com um imenso amor pelo verde - " O meu amor é verde".

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**A piece of nature on a vase. I wish I could have one of these in each room. A lovely idea of a portuguese company that loves green - "O meu amor é verde" **

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Os nossos sonhos e os outros


Photo by Miann Scanlan

Quem sonha procura incessantemente aquele momento em que os astros se alinham, as dúvidas se dispersam e as palavras de incentivo chegam. Queremos pôr todos a sonhar connosco, a lutar ao nosso lado, criar um exército invencível, que nos sossegue o medo e acalme uma viagem que sabemos longa. Pisar este terreno escorregadio dos sonhos já é difícil que chegue para o fazermos sós. Não queremos ter alguém na meta, queremos os curiosos na casa de partida mas apenas os resistentes no meio do percurso. Não precisamos de aplausos ao chegar: o que nos faz falta é um empurrão para começar e muitas mãos estendidas pelo caminho. Os nossos sonhos não são nada sem os outros. Os que nos mostram as costas, tornam-nos mais fortes. E os que nos dão a mão, tornam-nos mais fortes.

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**The ones that dream incessantly seek for that moment when the stars align, doubts disperse and words of encouragement come. We want that others dream with us, fight on our side, create an invincible army to settle down our fear on a road that we know is long. This slippery slope of dreams is ward to make alone. We do not want to have someone on the winning post, we want the curious in the beginning but only the resistants to support us on this road. We do not need to get applauses: what we need is a push to start and many outstretched hands along the way. Our dreams are nothing without others. Those who show us their backs, make us stronger. And those who give us a hand, make us stronger.**

sábado, 4 de outubro de 2014

Disponível para a vida

Photo by Salt & Steel

A vida percorria novamente o mesmo caminho que tinha feito nos últimos meses. Já conhecia bem aquela estrada mas, o motivo que a levava até ali, teimava em não se relevar. A vida não se queixava, estava sempre disposta a dar segundas oportunidades e, por isso, repetia o meu mesmo caminho com uma leve esperança renovada que, desta vez, a porta já estivesse aberta. Ou entreaberta pois qualquer brecha serve para a vida. Chegou ao seu destino. Olhou para a porta e reconheceu mais uma fechadura acrescentada. As flores que enfeitavam o vaso verde esmeralda na varanda começavam a descair. As janelas continuavam encerradas a qualquer entrada de luz. O silêncio era tão profundo como aquele que se lembrava de ter sentido da última vez. De novo, aquela pessoa não estava disponível para a vida. Encerrou-se num casulo de portas e janelas trancadas, deixou de regar as flores na varanda. A vida, teimosa como ela só, repetia o mesmo caminho incansavelmente, batia à porta, tentava mostrar a janela da oportunidade. Mas quem se fecha para vida não reconhece segundas oportunidades, nem a esperança, nem um amanhã melhor. Aquela pessoa não estava disponível para a vida. 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014